Este é um daqueles clássicos que TODA MULHER DEVE LER. Quem quiser, até chame de livro de ‘mulherzinha’, por que de fato, é bem provável que só uma mulher seja sensível ao ponto de entender todos os valores desta obra. É um romance lindo, e bem diferente dos demais. Também é antigo, foi escrito em 1813, há quase 200 anos atrás; mas traz uma história leve, e com personagens de personalidade e gênio até bastante comuns nos dias de hoje. Pessoas inseguras, umas sábias, outras intransigentes, umas preconceituosas, outras orgulhosas, outras fúteis, outras cândidas... Essa pluralidade faz de“Orgulho e Preconceito” um livro delicioso.
Quando li essa obra, eu já tinha assistido (por diversas vezes) o filme mais recente baseado nela, com o mesmo título e estrelado pela vivaz Keira Knighltey. Eu geralmente recomendo a todos que leiam primeiro o livro, para só depois assistir o filme. Mas neste caso, eu admito que foi uma experiência maravilhosa ter lido o livro após assistir o filme. Me fez ter mais comprometimento com os personagens e com a história. E de forma alguma, já saber do enredo me impediu de torcer, sofrer e me divertir com os personagens. Na verdade, foi extremamente prazeroso, pois o livro trouxe detalhes e intensidades que o filme não conseguiu exprimir. Foi uma leitura na qual eu já tinha estima pelos personagens, e foi gratificante saber mais sobre a personalidade e até o destino que teve cada um deles.
|
Elizabeth Bennet |
Vou aqui me atrever a dizer que, em comparação com Persuasão [da mesma autora], Orgulho e Preconceito [Pride and Prejudicetítulo da obra original] conseguiu ser ainda melhor. Mesmo achando que pra mim, depois dos dois livros lidos, Jane Austen é a melhor escritora da época, creio que minha preferência por Orgulho e Preconceito tem um quê de identificação própria. Seria muita presunção aqui me comparar com Elizabeth Bennet, mas quem nunca se identificou com um personagem, não é mesmo? Ao contrário da introspectiva e subserviente Anne Elliot [Persuasão], a Elizabeth tem um temperamento e personalidade muito parecidos com os meus – inclusive seus ‘pré-conceitos’ e precipitações. Esse detalhe é que me faz definitivamente, classificar este livro superior ao outro – todavia ambos são extremamente recomendados por mim.
|
Mr. Darcy |
Quanto ao enredo, acredito que o sucesso desse livro se dê por que ele não é igual aos outros romances de época. Não existe de um lado uma donzela suspirando doçura e contentamento, e do outro um cavalheiro gentil e simpático. Na verdade é a história de duas pessoas que se odeiam cada um à sua moda. O amor não cai de pára-quedas sem razão aparente, mas é construído gradualmente, muitas vezes inconsciente e até incontrolavelmente pelos personagens. O próprioMr. Darcy responde o seguinte, ao ser questionado sobre em que momento ele descobriu que amava Elizabeth: “Não sei determinar a hora, o lugar ou o olhar, ou as palavras que lançaram os fundamentos. Faz muito tempo. Já estava no meio quando percebi que tinha começado.” |
Irmãs Bennet (da esquerda para direita): Lydia, Kitty, Elizabeth, Jane e Mary |
Então, por ser um romance com um enredo diferente dos clichês, uma obra com personagens ‘reais’ – com defeitos e virtudes, eu considero Orgulho e Preconceito minha melhor leitura do ano. Fico até com medo de ler os outros livros da Jane Austen e ficar frustrada. Tenho medo de ler A Abadia de Northanger e Razão e Sensibilidade, e descobrir que estes não têm o grau de qualidade que os outros têm. Mas eu vou lê-los mesmo assim. Vai que descubro mais duas leituras geniais. Vale a pena tentar.
|
Elizabeth e Mr. Darcy
|